Alergia alimentar e Transtorno do espectro autista: existe relação?
O Transtorno do espectro autista (TEA) é composto por um grupo de condições heterogêneas que afetam o desenvolvimento neurológico e nos quais há sintomas que se manifestam precocemente dentre eles alterações no hábito alimentar, sendo descritos desde aversão, seletividade até a recusa total de determinados alimentos e comportamentos obsessivos disfuncionais.
Diante de uma condição clínica com espectro clínico tão variado, causas não completamente conhecidas e sem tratamento efetivo e/ou curativo, como é o caso do TEA, é fácil compreender que inúmeras hipóteses fisiopatológicas sejam consideradas, o que remetem médicos, familiares e pacientes a terapêuticas alternativas, dentre elas a exclusão da proteína do leite de vaca da dieta. Entretanto, as evidências que suportam uma dieta sem leite de vaca para o espectro autista são limitados e de baixa qualidade.
Grandes limitações dos estudos sobre estas dietas de restrição têm sido descritas e incluem: ausência de definições claras dos critérios de inclusão, amostras pequenas, falhas nos controles, grande variabilidade individual dos pacientes com autismo, tempo pequeno ou muito variável de intervenção nutricional e falta de cegamento dos pais para pontuar as condições de melhora em seus filhos. Como conclusões aponta-se que as evidências dos efeitos terapêuticos das dietas sem caseína são fracas e que os estudos apresentam falhas metodológicas que impedem conclusões definitivas
Além disto, essas restrições alimentares podem se associar a rejeição social, estigmatização e dificuldades de socialização e integração, com potenciais efeitos adversos na doença em questão.
Fonte: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20027d-DocCientifico_-_Alergia_alim_Transt_autista.pdf