Refluxo Gastroesofágico- Uso abusivo de medicamentos

O Refluxo Gastroesofágico (RGE) é definido como a passagem involuntária do conteúdo gástrico (estomacal) para o interior do esôfago, canal que liga a boca ao estômago. É um fenômeno fisiológico, que ocorre várias vezes ao dia, em todos os indivíduos, tanto crianças quanto adultos. Em bebês manifesta-se com regurgitação e ou vômitos. A regurgitação tende a atingir seu auge aos quatro meses de idade, e a maioria dos bebês pára de regurgitar ao completar um ano. Quando o RGE é excessivo e causa sintomas ou  complicações é chamado de Doença do Refluxo Gastro-esofágico ou RGE patológico.

Da mesma forma que o RGE, “a cólica” é um fenômeno muito freqüente no primeiro trimestre de vida, podendo ser considerada uma manifestação normal e fisiológica. È caracterizada por comportamento de irritabilidade e choro persistente. Os pais devem ficar cientes de que os bebês saudáveis choram, em média, 2-3 horas por dia, existindo aí uma grande variabilidade individual. Nos primeiros três meses de vida, as crianças choram mais que em qualquer outra fase de suas vidas, sendo seu pico de choro no segundo mês.

Regurgitaçäo: Lactentes regurgitam diariamente

Choro e irritabilidade: Lactentes apresentam choro…com duração média de 2-3 horas por dia, em 1/3 podem exceder 3 horas por dia

Entretanto, as mães toleram pouco o choro e a regurgitação dos bebês, acham que pode ser algo mais grave e que deve ter um remédio para eliminar estes sintomas. Mesmo que tenha sido esclarecido que as medicações não são comprovadamente eficazes, os pais preferem medicar seus bebês. Este fenômeno pode ser entendido se pensarmos no conceito da medicalização da vida, em que achamos que todo tipo de sofrimento pode ser eliminado rapidamente, porque temos tratamento para tudo.

Aliado a pressão da família para resolver o “problema”, acrescida das informações obtidas nos veículos de informação ao público leigo, e ao pouco tempo disponível para as consultas médicas, o pediatra acaba prescrevendo medicamentos, na maioria das vezes desnecessários. Estes medicamentos não só não resolvem o problema, como podem causar efeitos colaterais.